sexta-feira, 31 de julho de 2009

Strawberries

Quando seus lábios finalmente se tocaram, foi como se todo o oxigênio do mundo tivesse sido sugado. Como se os dois estivessem flutuando no espaço, rodeados apenas pelos astros. Como se uma supernova tivesse acabado de explodir em suas almas, e eles ainda estivessem envoltos em uma poeira cósmica brilhante.
Ele sentiu o sabor doce do morango, que alguns instantes atrás estava entre seus dedos, ainda guardado na boca dela. O sabor muito mais apurado do que o da fruta em si. O sabor da fruta misturado com o dela, que personificava o sentimento mais puro que ele já havia sentido: o amor.
Seus dedos escorregavam pela pele macia que rodeava a cintura dela, ainda quente pelo sol recém posto. Os olhos firmemente fechados, com medo de que tudo aquilo não passasse de mais um sonho perfeito. A pequena e delicada mão dela lhe acariciava o cabelo, desencadeando reações em seu corpo que ele nunca havia experimentado antes.
E por fim, a necessidade, a vil dependência pelo oxigênio, fez os dois se separarem, ofegantes, para tomar fôlego. Os olhos se encontraram, castanhos encarando castanhos, cada fibra deles voltadas apenas para o outro.
Esquadrinhando a face à sua frente, memorizando as marcas mais sutis, as sardas e os sinais, as cicatrizes de infância e as marcas de nascença, tudo que diferenciava o outro do resto do mundo, que o tornava único.
Era como se eles, ao fim daquele momento nunca mais fossem de encontrar. Como se eles fossem ser separados por uma força indestrutível, para sempre. E por isso, pelo medo de nunca mais ter a oportunidade de ver um ao outro, os olhos bebiam os detalhes, as mãos exploravam a superfície lisa da epiderme, tocando, alisando, sentindo.
Tentando com tanto afinco tocar a alma do outro, agarrá-la e guardar aquele bem precioso em algum lugar seguro.
Como se isso fosse necessário. Como se eles não soubessem que suas almas já haviam deixado seus corpos, se fundido em uma só, se elevando aos céus. Os braços apertados em um abraço, tentando fundir também seus corpos, como se apenas as almas não fosse o suficiente.
Então aquela sensação o domina, como se uma bola de fogo se formasse em seu estômago, subindo como uma chama eterna pela sua garganta, rasgando todos os tecidos que encontrava no caminho, tentando se libertar da prisão dos seus lábios.
Ela tamborila em seus dentes, procurando um ponto fraco para conseguir transpor o muro esmaltado. E por fim, quando um sorriso se abre no rosto dela, as barreiras se quebram, os muros desabam, se fragmentam. E o sentimento acuado finalmente ganha voz, rouca e insegura, acanhada e eufórica.
Sai em um rompante, como se estivesse queimando seus lábios, torturando seus sentidos. As palavras saem deslizando pelo ar, chegando aos ouvidos dela como um sussurro desesperado, oprimido.
O sussurro que continha as palavras mais preciosas, que ela tinha tanta pressa e apreensão de ouvir, mas que fizeram seu coração parar por um instante único, mágico.
- Eu te amo.

1 Comment:

  1. dane bernardes said...
    Amei mims!!!! Muito lindoo! *____*

Post a Comment



Template by:
Free Blog Templates